Estações

Dormiu na chuva dos amores de verão,

Na tempestade das angústias

No rito de passagem

Chorando sobre os candelabros.

Nas canelas secas do sol de outono

Tornou-se a lepra do chão,

Partindo em mil pedaços a reza

O labor, o suor e a ventura.

E nem na primavera sorriu

Porque as flores perfumavam defuntos

Que não sentiam nada,

Nem cheiro, nem lama, nem se mortos.

O inverno chegou frio como o inferno

Mais rouco que a desgraça

Mais duro que a miséria

Perene como a fome e a febre.

Seu ano durou um século.

Eras sem heras

Carne seca pendurada às moscas

Era a vida tripudiando dela.

Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 02/03/2021
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