Tempos lacrimosos

As ruas são o espaço de flechas

Não são carros ou pessoas que passam

São ratos imundos campeando brechas

Contando que gatos cansados não caçam.

No asfalto a depressão empoça a água

Turva e acumulada de malícias

O vento me corta e traz notícias

No entorno, a dor e muitas mágoas.

Quisera poder adiantar as horas

Talvez o castigo também fosse embora

Trocar a penúria por sortilégios

Andar com os ponteiros do relógio.

Pudesse o universo uma vez retrair

E o tempo parar em frente às galerias

Decerto a vida faria suprimir

Tudo o que não fosse um único dia.