Depois de sua partida, querida.
A vida tornou-se cinzas:
Recolheram as estrelas numa caixinha de madeira
Os Céus fecharam as cortinas, acabou-se o espetáculo!
Meus ouvidos não ouvem mais os pássaros...
- que triste a sua flor preferida, margarida, tornou-se ressequida
E o colibri, por onde pousa? Decerto, em outro céu.
Não este, que por ora, congela-me num quadro, como se estivesse
Ficando no passado, sem expectativas, silenciado, petrificado.
- Ah, o teu vestido: um diamante laminado, tão belo como o teu sorriso
Tornou-se esquecido no armário, sobejou leve áurea de jasmim
Que colhia no jardim, para enfeitar a mesa do café da manhã
Não sei querida, depois de tua partida, até a locomotiva não mais alegra
Passa, esfumaça, trepida nos trilhos: não tenho forças para correr sozinho
E ver, paralisado, atravessar as montanhas esverdeadas (estão cinzas também)
A noite é soturna, fria: a solidão está cansada de minha companhia
As arvores balançam mais fortes, gritam com suas folhagens e pela janela
A lua foge com teu brilho, deveras um castigo – cada detalhe, tem sido
Um desalento.
As cartas amareladas guardam suas memórias, um misto de soluço
E agulhadas na alma...
- Aqui sentado na mesinha de madeira, mais um cigarro consumo, queimo a garganta com etílico (mais uma dose)
Tento falar com as estrelas, para ver se me responde (que frenesi)
Nas ruas frias, não há consolo!
Quando rezo, ao bom Senhor, minha reza vomita saudade, quiçá, meu Deus
Ao teu lado me levar – pois acabou-se a vida, querida, quando partiu sem me levar.
 

 
Eliezer Teodoro
Enviado por Eliezer Teodoro em 20/03/2021
Código do texto: T7211732
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