Confissões de um deserto
Confissões de um deserto
Seco cego e abandonado
Como um deserto sem oásis
Que não vai pra lugar nenhum
Tão sem conteúdo quanto areia quente
Desliza entre os dedos e se perde no infinito
Queria me perder em alguém dá mesma forma
Queria tão desesperadamente
Mesmo sabendo do resultado
O abandono
Seco áspero e quente
Como o deserto que me cerca
Estou perdido
No deserto que sou
Não há oásis
Não há descanso
Não há destino
Ninguém gosta de desertos
Eles são desinteressantes
Quentes e frios
Sentem de mais
Mudam rápido
Prometem coisas
Nunca cumprem
Preso em um ciclo sem fim
Quente e cansativo
O que resta é andar
Mas meus pés doem
Está quente
Queima meu amago
Lágrimas evaporam de meu rosto
Não há água
Não há descanso
A noite nunca chega
Nunca refresca
A pressão no peito me queima
Queima mas nunca se esgota
O deserto não tem fim
Não tem descanso
Não têm destino
Simplesmente queima
Simplesmente é
E assim sou, mesmo que ninguém aceite
Mesmo que ninguém entenda
Mesmo que ninguém queira
Assim sou
Sou deserto
Sou areia quente
Sou confuso
Queimo os pés como brasa
Esgoto e desidrato quem se aproxima
Ninguém quer morar em um deserto
As pessoas simplesmente querem que acabe
Mas eu não tenho fim