Não sei contar

Não sei contar a suavidade que eram teus passos

A delicadeza dos teus lábios

A abrasividade dos teus beijos e as convulsões

Não sei contar, não sei.

Não sei contar por quantas margens navegamos

Quantas lágrimas choramos

Quantas vezes me matei

Não sei contar, não sei.

Tanto não sei que a vida foi-se

Com o mar, pôs-se a navegar no infinito azul

E daqui vejo tuas extensas velas a partir

E dou-lhe adeus como quem morre interiormente.

Os teus dedos carregam o que passou

Os meus não mais, não sabem carregar

Nem navegar e partilho meus passos com quem

Chega ao me lado e me abraça.

Encontrarei outros olhos que não os seus

Já os encontrei e os deixarei e virão

Outros e mais outros que refletirão ainda mais belos

Que os teus, que eram belos.

Então remarei como suicida que sou

E serei engolido pelo mar

De tanto sofrer, de tanto amar

De tanta dor, de tanto amor.