Atlas

Atlas solitário

O mundo é meu

O carrego

em meus ombros

Marcados e curvos

Cabeça ereta por mais que pese

Desistência é luxo

Não posso largar

Esse peso enorme

Não posso soltar

Essa frágil carga

Não posso largar

Tudo outra vez

Atlas solitário

Fadado ao trabalho

Condenado

Preso em jugo eterno

Cada vez mais distante

Paira, etéreo

Ao que rodeia tua trilha

Não posso soltar

Pés cansados

Não posso largar

Pernas formigando

Não posso soltar

O sonho do futuro

Atlas solitário

Percorre ruas a esmo

Buscando onde possa

Enfim, repousar

Luzes brancas

Ofuscadas

Nada mais enxerga

Colorido

Arco-íris

Ao fundo vislumbra

E segue seu rumo

Desnorteado

Sem poder soltar

O que tanto lhe pesa

Sem poder largar

O que tanto almeja

Sem poder soltar

O peso que lhe afunda

Levando-o

Ao ponto onde tal peso

Em asas

Irá transmutar-se

E fará do Atlas

Ícaro.

Gabriel Luiz
Enviado por Gabriel Luiz em 18/10/2021
Código do texto: T7366395
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