Meu mundo

Meu mundo sem fantasias,

meu mundo sem esperanças,

ah, doce mundo amargo,

vou sentir saudades,

saudades de me banhar nos rios de sangue,

saudades de ouvir o lindo barulho do disparo,

saudades de sorrir ao ver o medo dos outros,

ah, saudades, saudades... Saudades.

Ah, aliviado eu me sinto,

drogas, doenças e vícios,

ah, meu doce amargo lar,

trago da morte a cada dia com você,

esperando me sentir cruel,

esperando que tenha pena de mim,

e nas noites escuras,

não tire a minha vida.

Bombas,massacres,

os sete mares de sangue,

os rios de solidão,

me restou os lagos,

os lagos dos mortos vivos,

cujos estão vivos,

cujos estão mortos,

cujo eu estou agora.

Me expressar, pra que?

se ninguém me compreende,

ontem de tanta fome,

morreu o seu bebe,

hoje, de tanta alegria,

se fartaram em seu jantar,

ah, porque? porque? porque?

se ninguém me compreende.

Assistem o jornal,

e logo voltam ao assunto,

dinheiro,roupas,

de tudo muito luxo,

de muito tudo pouco,

meu mundo, meu lar, minha desgraça,

uma vida sem vida, um olhar sem lagrimas,

lagrimas de sangue, lagrimas de medo, lagrimas de ódio.

Sinto o mais humano dos calafrios,

mesmo não sendo tão humano,

saudades eu terei,

do meu mundo cruel e insano,

matam por esportes, matam por prazer,

ah, prazer dos prazeres,

uma vida em suas mãos,

escolha a fazer.

Matar, matar e matar,

ah, que gostoso pertencer aqui,

ah, meu doce amargo mundo,

to tão cheio de você,

cheio de ódio,

cheio de rancor,

triste ao imaginar,

o mundo e seu terror.

Ah, meu doce mundo,

ah, meu também doce lar,

doce amargo do desejo,

desejo de não acordar,

desejo de não suportar,

desejo, desejo e desejo,

saudades você tanto me traz,

de um dia, deitar, sem me incomodar e dormi em paz.