MEU PRÓPRIO CONTRATEMPO

Não há razão pra pânico

Não dê vazão às angústias

Leia as últimas notícias...São as mesmas, lembra?

Não há discussão sem tema

Não há problema sem razão

Veja onde está meu coração...No mesmo lugar, sabia?

Sou mais um triste vendedor de fantasias

Das alegorias de sorrisos matinais

Vendo a leve sintonia da minha voz de bondade

Tenho minha idade muito maior que meu viver...

Sou mais um pobre que acredita na consequência

Sou a maior inocência que o criminoso pode ter

Sigo meus princípios como se quisesse a vida vencer

Velo minhas súplicas em cada rico amanhecer...

Sou mais um louco que defende as palavras

Somente minhas palavras fazem-me contestar o mundo

Só mente quem não tem olhos pra viver

Na frente do futuro sempre há algo a acontecer...

Sou um nobre defensor da poesia

E minha alegria na verdade nunca foi minha...

Sou um próprio plantador de verdades

Guardo maldades e ingratidões longe do meu coração

Sirvo minha luz em bandejas de prata

Reservo pra mim talheres de lata,

Cortam-me os pulsos mas não podem me matar

Salvo-me mais uma vez...

O que me garante vivo são meus sonhos de vida longa,

O que me define a saga são meus versos idiotas

Tenho a vida digitalizada pelos meus olhos míopes

Não tenho armas pra sacar

Não quero almas pra salvar...

Sou o meu próprio contratempo

Pra salvar-me do desalento escrevo versos que não lembro mais

Minhas canções são quase sempre iguais,

Não sei viver

Sobrevivo como posso...

Quando não consigo dormir esquento meus pés nos teus

E é aí que volto a acreditar que posso ser amado...

Por favor

Não me deixe desacreditar jamais....