Olhos cheios
O que resta de uma infancia sao os olhos cheios,
Nas cores onde o tempo nada pode encontrar.
Quando passava as aguas claras em dedos alheios
Molhavam-se os labios secos e os rostos palidos de mar.
Foram nessas aguas onde eu aprendi a nadar,
Agua impura de peixes, de areia arrugada,
De desenhados mapas, onde nunca pude encontrar
O caminho que me levara a casa indicada.
Tudo se foi como um relampago claro na escuridao
Dos olhos, dos peitos, da vaga lembrança,
Onde nada nem ninguem permanecerao.
Isso é tudo o que resta de uma infancia,
É nada mais que a felicidade submersa na ilusao
Sao os olhos, malditos, cheios de esperança.
Luiz