O gosto doce da fumaça
Fumaça beije a boca, beije o teto.
Volte ao pulmâo , volteie o ventre, desvire o feto.
Beije o espelho se aclare lento quando eu chegue perto.
Entâo beije os olhos e tudo o que ti pareça incerto.
Fumaça beije as paredes que nâo posso reclamar.
Pois, tâo finas sâo que qualquer um atento, poderia escutar
os meus lamentos e maldizeres que canto ao rezar.
Fumaça beije o peito vazio e desnudo, pois ele quer ti beijar.
Fumaça beije o tapete e o papél.
Beije as estantes, as estatuas, os livros de saberes ao léu.
Toque meu rosto em minhas marcas, deixando-me o sabor doce do mel.
Envolva-me em tua glória e deixe esconder-me detrás do teu vél.
Luiz