Acorde em preto-e-branco
Minha vontade é extinta como a chama de uma vela
Em cima de um piano tocando a tétrade errada
Na harmonia tríton de uma foto cinza
Queimada nas labaredas da paixão mal amada
Imploro em roupas maltrapilhas
Uma cura para minha meia-cegueira
Onde foram parar as cores de outrora?
Dizem que a vida encontra uma maneira
Mas estou sentindo, há dias e dias
Que sou um mendigo implorando agora
Amor, atenção, afeição, ambição
Exilado de minhas boas memórias
Eu sinto saudades do abraço de quem me odeia
Sinto cair lágrimas de quem hoje me esquece
Sinto pouco a pouco que meu corpo padece
Hipotermia me faz querer me atirar ao que me incendeia
Orquestrando um desejo de um mundo impossível
Onde eu ainda sentiria em plenitude a dignidade que me resta
Escrevo usando minhas falanges expostas na rocha
Sei que desaparecerei, por favor não me esqueça...