MAIS UM ENTARDECER

 

De repente, o tempo ido...

O perdido traçado,

A viuvez,

A vetustez,

Os filhos afastados.

E eu me vejo sozinha,

Nas entrelinhas,

Das reminiscências.

De repente, me sinto como,

Uma folha de outono,

Largada em um canto qualquer,

Uma fragmentada mulher,

À mercê do nada.

De repente, uma dor desgraçada,

Cinzela a minha realidade,

Rasura a minha fotografia,

Eu que cria,

No sonho, na vida, na eternidade,

Já não creio.

De repente, um desafinado ponteio,

Martela nos meus ouvidos,

O meu olhar se perde nas reticências,

De mais um entardecer,

E eu não sei o que fazer,

Com o restante dos meus dias.