Cântico Gótico
Lápides são longos dentes
Na boca dos cemitérios;
Num sorriso impreciso
De morte, malicia e mistério.
Seus dentes de mármore
Esmagam minha medula.
A vida é como veneno
Ou remédio vencido e sem bula.
A melancolia me lacera
Num decadentismo romântico.
As ironias são a única terra
Que sepultam meu cântico.
Caminho contando os passos
Entre vermes e sepulturas;
Sou o enfermo infiel
Duma doença sem cura.
Alguns me chamam de louco
Outros de dark ou gótico,
Mas o dilema é que a luz
Fere meus nervos óticos.
Semeio na selva de mármore
Noturnas e negras sementes.
Enquanto o sonho sangra
Pelos abismos da mente.
Sou silêncio e solidão densa,
Em chamas herméticas.
Não tenho rótulo algum,
Nem sigo mortas estéticas.
Um espasmo de tempestade
No céu da minha tristeza
Dando luz à eternidade
E sombra... à toda a certeza!