Cântico Gótico

Lápides são longos dentes

Na boca dos cemitérios;

Num sorriso impreciso

De morte, malicia e mistério.

Seus dentes de mármore

Esmagam minha medula.

A vida é como veneno

Ou remédio vencido e sem bula.

A melancolia me lacera

Num decadentismo romântico.

As ironias são a única terra

Que sepultam meu cântico.

Caminho contando os passos

Entre vermes e sepulturas;

Sou o enfermo infiel

Duma doença sem cura.

Alguns me chamam de louco

Outros de dark ou gótico,

Mas o dilema é que a luz

Fere meus nervos óticos.

Semeio na selva de mármore

Noturnas e negras sementes.

Enquanto o sonho sangra

Pelos abismos da mente.

Sou silêncio e solidão densa,

Em chamas herméticas.

Não tenho rótulo algum,

Nem sigo mortas estéticas.

Um espasmo de tempestade

No céu da minha tristeza

Dando luz à eternidade

E sombra... à toda a certeza!

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 20/11/2007
Reeditado em 05/10/2008
Código do texto: T745054