Poema - O Homem que perdeu a si mesmo

Poema – O homem que perdeu a si mesmo

Há dias dos quais não sei quem sou

Deito de bruços debaixo do chuveiro

Cantarolando canções

Que já não me dizem mais nada

Sou hoje um homem cético

Sobre todas as crenças

Sobre todos os Deuses

Mas há dias

Em que eu danço ao lado do Diabo

Canto canções de umbanda

Faço de exu o meu protetor

E ascendo velas para Dionísio

Pois há dias dos quais não sei quem sou...

E tudo que eu desejo é foder

Foder como um sátiro fode as suas ninfas

Rasgar suas roupas em seu corpo suado

Masturbar a sua buceta enquanto os seus

Pezinhos passam pelos meus lábios

Fode-la por horas e horas

Até que a madrugada fria e insaciável

Roube nossas almas

Mas há dias...

Em que tão pouco consigo olhar em seus olhos

E sou tomado por um ódio

Que eu não sei de onde vem

Mas vive ali

Encravado como uma estaca

Nos cárceres privados desta mente insana

Pois há dias em que eu simplesmente

Não sei quem sou

Nego todas as filosofias escrita pelos homens

E abraço todas as angústias

Que transbordam pelos meus olhos

Sou o filho do nada

E o herdeiro de todas as coisas

Acredito que morrerei sozinho e angustiado

Sufragado em dores e paranoias

Que eu mesmo inventei

De mim herdarão um império de cinzas

O império do nada

O império daquilo que um dia eu escrevi

E que será lido por outros

Que assim como eu

Morrerão sozinhos

E angustiados

Pois há dias

Que simplesmente

Não sei quem sou

E de todas as personas que eu fui um dia

A de Poeta, é a que eu mais odeio

Pois na poesia escrevi cantos líricos

Que tampouco consigo ler

E hoje

No ápice da minha sanidade

Ainda não sei quem sou (...)

- Gerson De Rosrogues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 18/02/2022
Código do texto: T7455299
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.