Petrópolis, os gritos indicaram o melhor caminho
Foi muito rápido, com uma chuva forte, a terra começou a remexer e se desmanchar...
Tudo ao redor começou a cair, até minhas pernas por algum momento desmoronou.
Sair na tempestade era loucura, mas loucura pior era ficar debaixo da minha casa.
Onde estaria segura?
A lama chegava e entrava sem bater, a porta tentava suportar e suas frestas demonstravam a fragilidade.
O jeito foi tentar pensar com rapidez, salvar meus filhos e alguma coisa no alcance de minhas mãos.
Ao sair de casa, que casa? Atrás de mim já não havia muitas coisas e as que tentava carregar na mão, tive que largar para tentar agarrar meus filhos.
Assim em meio a tantos entulhos, lama muita chuva, tentávamos caminhar e buscar um lugar seguro.
Sem tempo de por um calçado já caminhávamos descalços e pisando no que vinha pela frente e por trás de nós, já que a consistência da lama engoliu nossos chinelos e nos deixaram descalços.
Sem olhar para trás tivemos que tentar correr como se a todo instante pudéssemos ser atingidos pelos escombros que havíamos passados, que a todo instante tentavam nos derrubar..
Com todo estrondo da tempestade, nossos corações silenciavam em busca de uma segurança que se tornava imaginaria a medida que buscávamos por ela.
Apesar de estarmos descendo o morro, parecia que estávamos perdidos pelo caminho...
Trocávamos olhares silenciosos e desesperadores, cada um buscando uma resposta sobre o que estava acontecendo, e a insegurança nos fazia prosseguir.
Estava escuro, mas começamos ouvir gritos e chamamentos o que passou a direcionar nosso caminho até que pudemos ver alguém irreconhecível e enlameado, pudemos afogar nosso desespero com abraços, ai sim podemos falar, estamos salvos!