Tempo do tempo arguto,
que me leva às águas claras
de um lago que já foi tudo
onde até rosa-marinho dava.
Tempo dos presentes, dos vivos,
tempo que caminhávamos
semeando lembranças de coração
e alegria de mãos-dadas.
Campos de flores ricas,
tempo que me diziam: me dê um abraço
que eu te dou um beijo
e canto uma canção.
Tempo dos tempos, sem idas,
mas, súbito, homens desabilitados, atemporais,
dele fizeram campo árido,
vazio e sem vida, sem encanto.
E, pelo árido destino,
fomos se perdendo de vidas
e do calor de nós dois.
Tempo-azul que se foi.
Hoje, se quiser vê-los
tenho a mágica da alça-de-porteiro:
é só chavear a porta, sem medo,
e abrir os portões.
E a paz do campo santo
onde dormem,
lá está altivo de saudades.