Melodia triste com Trinta e Três Anos E Alguns Meses de Duração
Não sinto animo e não sei de onde tiro forças
Minha cama é convidativa ao sono eterno pela manhã
Não desejo conviver com pessoas sendo um mero pedaço
Queria ser uma versão completa do que sou
Vamos dançar o tango da morbidez!
A rumba dos amaldiçoados!
Não existe nada de belo no cerco de ferro onde me encontro
A jaula diminuiu de espaço, pelo menos perdi
Meio metro do meu mundo, constatando a falta de lucidez
Vocês não precisam de mim, já tem suas próprias impressões
Se já sabem quem eu sou apresentem-me a quem sou
Este cadáver pendurado por cordas amaria conhecer
O que eu deveria de fato ser
Amarrarei o cordão vermelho preso em meu dedo
E farei uma forca para o sonho do amor perdido
Consegue ouvir a fanfarra? A celebração?
Todos os que desejaram minha derrota comemorando?
Minha vida foi uma música em acordes menores
Preenchidas por notas dissonantes e tempos desarmônicos
Não houve ápice por não ter o ritmo certo
Tocada em instrumentos de cordas
No estilo de música condenada pelo clero
Não houve um crescendo e a progressão foi confusa
Terminando em um mero fade out quando se estendeu demais
Não é a mais bela canção a ser ouvida
Não tinha nela a paixão de quem queria compor
Pois, meu esqueleto meramente se move
No ritmo das batidas do encerramento
Existiria paixão se amor fosse uma realidade
Mas esta era uma música sobre egoísmo e lamento.