Inconcebido

Na tua cova deixei

Algo que eu não tive,

Algo que eu sempre almejei,

O que minha alma desejava,

E eu não sabia

Mas, queria e não tinha

Pois eu já havia deixado lá,

Na tua cova.

Quando sorrio,

Não há covas no meu rosto -

Às vezes, no gosto

Que fica do riso na boca...

Às vezes, nas mãos, quando toco

O desejo inconcebido

Às vezes, no queixo,

Do soco sofrido,

Quase imperceptível...

Às vezes, na lágrima,

Que eu deixei lá,

Na tua cova.

Mal falo de ti.

Mas, penso.

O tempo todo.

Carrego a lembrança,

Suporto a saudade,

Velo a semelhança

Mas, as palavras enterrei contigo,

Lá, na tua cova.

Tento ser

O que você não foi pra mim,

E ainda que eu chore,

Ou que eu cale a dor,

Ou que eu esqueça tudo,

Sei que, um dia,

Alguém me deixará lá,

Ao teu lado,

Na tua cova,

Na nossa casa.

18 de Novembro de 2005