Dá-me asas

Leva as minhas palavras

Traz-me a história que tu desejares

Concretiza os meus sonhos

Em prole da minha felicidade

Mesmo desacreditada

Faz deles a minha realidade

Leva-lhe pássaro a minha carta

Atravessa o oriente e ocidente

Mares e terras de cheiros diferentes

Sem poeira, com essência ainda do meu perfume…

Como amavas tu o meu perfume

Aromas que te pararam no tempo

Na época que se perdeu.

Devolve-lhe a minha caixa de segredos

As alianças, as juras de amor, as ligaduras

A história, o passado, as crenças, as loucuras

As cartas, as noites mal dormidas, a fome e o frio.

Leva-lhe a mordaça que me engasgou

As pedras que me foram atiradas

O sangue que da minha alma desaguou

Os cacos do meu coração.

Devolve-lhe as minhas lágrimas

Os pesadelos, os alimentos que ficaram na mesa

A fraqueza das minhas mãos

A agonia e o desespero

Dá-me asas para que eu mesma te dê tudo

Dá-me asas para que possa voar

Dá-me asas para que eu limpe a dor

E em lugar do grito te devolva o meu olhar.

E aí,

Não precisamos nós de pássaros.

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 22/11/2005
Código do texto: T74966