HARAKIRI

"Nesse dia tão lindo e 'feliz', uma caminhada pelo parque, o sol penetra a cortina do quarto... e eu apenas cometo harakiri..."

Os raios de sol da manhã, dançando,

Calmamente penetram-se entre a cortina da sala,

E refletem-se sobre o azuleijo branco, um pouco manchado

E na parede se transforma, de luz à imagem,

Meu rosto calado...não entendo a mensagem

Nas fotos da parede do quarto,

Falsas lembranças... já estou farto...

E novamente o sol insiste em entrar pelos vãos da cortina,

Iluminando o copo d'água, e os comprimidos de fluoxetina....

A brisa transita pela casa toda

Faz bater as portas, tranca a solidão aqui dentro,

Derruba as cartas que estavam na mesa,

E as espalham por todo o chão da sala

Nesse instante.... até a dor se cala e exala...

Uma cor indiferente que abala...

Um odor marcante de pós-genocídio...

Da guerra, onde os guerreiros cometem suicídio

Destroem as memórias, aqui mesmo... em si

Aqui...

Num dia tão lindo eles cometem harakiri.