Além das Portas Sombreadas
vive o outro eu.


Cáustico, enigmático, diápaso,
conivente com o humano e com as
bordas dos corpos que me
outorgam algum calor.

Se meu tempo já passou.
Ele passou. Esquece.

Não torture os olhos com
lágrimas.


Viva cada dia, esperando a noite
e dentro da noite se apronte
para esperar seu novo raiar.

Ilusões à parte, não sou feliz
assim. Mas me acomodo assim.

E tenho o que posso
e as que não posso,
finjo de barbatanas
bem afiadas, que as tenho.

Mas, pensando bem...
não sou feliz assim.

Falta ela, coroada pelo além.

 

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 23/06/2022
Reeditado em 25/06/2022
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