Vida proletária miserável

Tô aqui toda molhada, cansada, estressada

Tudo isso pra receber tuas migalhas

Aturar toda merda que na cabeça me caga

Passar noites e noites acordada

Igual uma máquina

Tô revoltada

Olho pros meus pés inundados pelas pequenas gostas de chuva

Gotas que uma a uma, fizeram esse alvoroço

Gotas que uma a uma me sufocam com desgosto

Desânimo, cansaço, estresse

Isso que não faz 3 dias que eu sigo esse caminho apé

Ando dezenas de centenas de metros na rua Bagé

Sem VT, sem VA

Sem dignidade, sem nada

E o que me falta

Não tenho direito de cobrar

Se tu cobra a cobra da o bote

Ameaça tirar tudo que te resta e te deixa a mercê da morte

É o preço que tu paga por ser pobre

Humilhação, cansaço e miséria

E eu me esforçando pra sustentar essa megera

Fernanda, Fernanda, tu não mereces esse nome (nome da minha chefe)

Enquanto espalha a escrotidão mais pútrida do capitalismo eu espalho o amor

E mesmo diante desse caos obsceno normalizado

Eu ainda me pego desenhando coraçõezinios na janela embaçada do ônibus, e dando boa noite pro motorista com um sorriso no rosto

Eu ainda me pego segurando o choro e fingindo que sou forte o suficiente pra aguentar essa realidade capitalista escravocrata

Sou fraca, frágil e emotiva

E por mais que ignorante filosoficamente, carrego a bandeira comunista.

Fer Perma
Enviado por Fer Perma em 30/06/2022
Código do texto: T7549599
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