Mudança

Parti naquela nave de sonhos, meu pai

E uma mulher com pés de bailarina apontou-me a direção

Mas não segui. Permaneci estática, como a estátua

Que vimos na praça, quando eu ainda cabia nos teus braços.

Mas parti, meu pai, parti

Pois aqui o coração não cabe

Não nesse prédio onde as paredes falam

Onde não existe varanda ou pôr do sol

E as pessoas são etéreas como sombras.

Arrumei meus sonhos, minha caixinha de música

Meus livros e anotações, minha saia azul de barras brancas

Como um céu ao avesso, no qual despenco

Mas não há chão nem mágoas no final

Apenas o infinito de nuvens, e o esquecimento.

Natalie Félix
Enviado por Natalie Félix em 28/11/2007
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