A besta da ilusão

Em cada pétala da rosa vejo escorrer uma lágrima enquanto acaricio a maciez da textura...

E a sua essência cheirosa me impregna os sentidos enquanto me entrego à aridez da amargura.

Mariposas negras esvoaçam sobre a

minha cabeça...

Pousam e pesam em meus ombros...

Sob os meus pés a terra nua se fende

para acolher os meus escombros...

E à escuridão da noite a minha alma se rende

sem temor e sem assombros...

Meu espírito se defende quando, em derredor, ouço os cavalos de areia galopando no deserto do tempo...

Miro outra vez o firmamento e vejo as nuvens escarlates denunciando uma tempestade...

Mais uma vez, a besta da ilusão corre veloz nas raias do silêncio...

Me atropelando o ego.

E, sem nenhum piedade, cala o meu choro e a minha voz...

Me prendendo igual uma tarântula medonha em suas teias sombrias...

E o medo, com as suas garras frias,

me impede de respirar...

Sei que quer me devorar...

E isso me põe desnorteada, sem rumo

e sem direção.

Sem dignidade e sem chão, o meu espírito vagueia...

Sozinho, cego e quase morto...

Vai pela vida a esmo como um navio sem porto.

Perdido de tudo e de si mesmo em meio ao caos dessa jornada...

Ah! Minha alma amargurada!

Se sente condenada porquanto já não sonha...

Nem vive...

Apenas sobrevive sem crer em mais nada...

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 02/08/2022
Reeditado em 02/08/2022
Código do texto: T7573074
Classificação de conteúdo: seguro
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