Lasciva noite de sonhos, ondem paredes de cor anil se misturam a gritos e pessoas sem rumo.
Perdida noite de insônias onde pássaros se afuguentavam em ninhos supostos de calor, onde flores murchavam, com pendem os homens mortos.
Gritos e ânsia de correr; de procurar outro mundo. De inventar uma paz moradoura e amiga que afagasse meus ouvidos com palavras doces de avelãs e corridas de mel.
Corro por entre vãos e clareiras, ultrapasso montanhas impossíveis e cáusticas prá lá da Costa de Zambaia.
Ouço vozes, mas não são para mim que habito ao lado - um quarto miúdo de uma porta - uma saída - onde ninguém passa, nem para entrar, nem pra sair.
Sou do Ouvidor, da vila de antiguidades, das charretes polutas e lavadas, dos homens formados de terno de brim e gravatas soleiras.
Sou desse tempo e por lá fiquei, pois as vozes que me batem, vêm de lá.
Lá onde meu amor, tonto, morreu sem voz,sem paz, porque o destino quis.
E ai, encrenco!
Que destino faz isso, que nos leva tudo e só nos deixa um lenço de cetim pra chorar?
E, de resto, uma dor meiada que é prá sempre procurar !