Saturnino de presença,
lua por angústia,
sou também
sol por desespero.
Soma-se este condado celestial
e desaguá-se numa avenida
de desesperanças.
São assim meus dias.
Ah! Dias sem volta!
Que poucos retornam
e lá avisam, com desdém,
se vai nascer, vai
ser espelho
ardido do nosso mundo!
Se já não sou geografia pra tanto,
e pouco aprendiz de coisas
de grande trato,
me faço de esconder
entre quatro paredes,
duas luzes
e uma cama sonolenta,
de palha pura.
Pra isso vim parar aqui.
Pra alertar os incautos
nunca nasçam num berço
sem dono:
você vira bólide perdido
que se esvai pelo vale e
que de encanto não
tem nenhum.
E por isso
é bom dizer:
não é hora para remediar,
não é hora de três quartos,
nem de meia vesga.
O agora é hora
do tempo.
Se ele for seu dono,
passivo seja no andar;
se não tiver escravidão
seja dono de você mesmo.
Mas procure dentro das
mestras luminosas
o cordão mágico, e
que jamais faça você renascer,
principalmente se estiver
perto de Saturno,
com dez anéis,
porque
são, eles, nossas
dez agonias!