Minha carta de amor pra você...

 

Eu tinha tanta coisa pra te falar
Mas as palavras morreram no silêncio da sua partida
Eu tinha um mundo todo pra te dar
Mas me perdi na fria solidão do vazio da sua ausência
Eu tinha uma vida pra viver com você
Mas de mim outra vida te roubou e foi viver você
Foi viver você sem mim
Foi viver você longe de mim

 

E agora essa carta que eu nunca te escrevi
Não passa de meras palavras sem sentido algum
E agora essa carta que eu nunca te enviei
Não passa de um rascunho rabiscado em meu peito
E agora essa carta que eu nunca te mandei
Não passa de uma canção rota em minha garganta muda
E agora essa carta que você nunca pôde ler
É nada além da minha saudade traduzida em poesia vil
Poesia que não recitei pra você
Poesia que conta ao mundo o meu amor por quem nunca vai voltar

 

Eu tinha tanta coisa pra te contar
Mas as palavras rasgaram no batente da porta que você fechou
Eu tinha uma estrada pra velar por você
Mas te perdi na dura e amarga realidade do adeus no seu olhar
Eu tinha ainda uma vida depois dessa pra viver com você
Mas essa outra vida que de mim te roubou foi mais esperta
E foi viver você sem mim
E foi viver você longe de mim

 

E agora essa carta que eu nunca te escrevi
Não passa de linhas inacabadas sem seu ponto final
E agora essa carta que eu nunca te enviei
Não passa de um poema vagabundo de um ébrio coração
E agora essa carta que eu nunca te mandei
Não passa de uma flor despedaçada sem um jardineiro
E agora essa carta que você nunca pôde ler
É nada além da minha saudade traduzida em voz sem instrumento
Voz sem instrumento que é a sua alma
Mundo sem voz que é você cantando agora no palco de outro teatro

 

E agora essa carta que eu nunca te escrevi
Não passa de versos truncados sem a sua revisão
E agora essa carta que eu nunca te enviei
Não passa de um cinema mudo preto e branco e sem roteiro
E agora essa carta que eu nunca te mandei
Não passa de um tango sem cantor nem dançarino nem violeiro
E agora essa carta que você nunca pôde ler
É nada além da minha saudade traduzida em morte certa no deserto
Morte da minh'alma que hoje abandona esse corpo meu
Corpo que hoje se arrasta estrada afora sem minh'alma que é você

 

E agora essa carta que eu nunca te escrevi
Jamais escreverei porque você, o leitor, jamais me lerá...

Randhal Wendel
Enviado por Randhal Wendel em 21/09/2022
Reeditado em 21/09/2022
Código do texto: T7611235
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