Minha vida escuta-me

Ai de mim, esse sopro de uma vida

Ai da vida, essa vida calada, psiu!

Ai desses olhos que em mim decaem

Ai dessa vida, que nada sente, que não vive

Que silêncio! Dá para ouvir os gemidos da alma

Que grita, e grita e sofre às sobras de um sonho

Quisera, quimeras, sonhos. Ai! Ai! Ai! Porque não?

Vida, ó vida minha, escuta-me! Tem dó de mim!

Os tenebrosos ventos da inquietude que me cercam

São tantas vozes! Ai... não me atormentes com assim

Se eu morresse mil vezes viveria para te mostrar que não quero

Escuta-me, porque fazes assim, minha vida, porque?

Te dei meus sonhos, te dei meu vigor e minha alegria

Ó alma desalmada, porque a noite não te vem a calar

Recusarei teu vinho feita a martelo, nem mais uma taça.

Ó Vida minha escuta-me! Não faz assim, não te entregues!

Escuta o grito do meu sofrer atormentando a cada trago

A cada riso, a cada alegria, como num processo de retrocesso

Porque me infringes teu efeito contra efeito em cada feito?

Escuta-me ó vida...escuta-me!