Queda

Onde estavam minhas cordas

Quando pulei novamente nesse precipício?

Será que deixaram de me manipular

Logo depois que ordenaram minha queda?

Sempre desejaram de mim um anjo

Só esqueceram de me ensinar como fazer

Pra manter meus demônios engaiolados

Quando não houvesse mais motivos pra fachada

Um grito sufocado exala da garganta

Enquanto a queda livre me toma o ar

Talvez eu possa fingir que sei voar

Deixando o peso se tornar liberdade

Sempre impediram de mostrar meus demônios

As vontades são sempre convenientes

Só que em minha primeira fraqueza

Eles feriram mais do que a mim mesmo

As cordas não me sufocam mais

E no fim, nem há mais nenhuma a me segurar

O medo de altura me cercou por anos

Talvez fosse só medo de abrir minhas asas

E se meu grito se tornasse música?

Será que alguém mais conseguiria cantar?

E se a queda nunca foi o final

Asas de anjo ou demônio não importam mais

A marionete enfim entendeu

Que um boneco de cordas não vive sem elas

Felizmente, isso nunca me foi empecilho

Eu nunca fui marionete de ninguém

O chão não é tão frio depois da primeira queda

E as asas não pesam tanto quando abertas

Acho que a canção era só minha

Nem cordas nem terra, agora eu domo os céus

Maicon Lopes
Enviado por Maicon Lopes em 02/11/2022
Código do texto: T7641130
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