Queda
Onde estavam minhas cordas
Quando pulei novamente nesse precipício?
Será que deixaram de me manipular
Logo depois que ordenaram minha queda?
Sempre desejaram de mim um anjo
Só esqueceram de me ensinar como fazer
Pra manter meus demônios engaiolados
Quando não houvesse mais motivos pra fachada
Um grito sufocado exala da garganta
Enquanto a queda livre me toma o ar
Talvez eu possa fingir que sei voar
Deixando o peso se tornar liberdade
Sempre impediram de mostrar meus demônios
As vontades são sempre convenientes
Só que em minha primeira fraqueza
Eles feriram mais do que a mim mesmo
As cordas não me sufocam mais
E no fim, nem há mais nenhuma a me segurar
O medo de altura me cercou por anos
Talvez fosse só medo de abrir minhas asas
E se meu grito se tornasse música?
Será que alguém mais conseguiria cantar?
E se a queda nunca foi o final
Asas de anjo ou demônio não importam mais
A marionete enfim entendeu
Que um boneco de cordas não vive sem elas
Felizmente, isso nunca me foi empecilho
Eu nunca fui marionete de ninguém
O chão não é tão frio depois da primeira queda
E as asas não pesam tanto quando abertas
Acho que a canção era só minha
Nem cordas nem terra, agora eu domo os céus