Amargo Vinho
Estou bebendo o fel da ingratidão
Esse vinho feito a martelo, sem dulçor
Estou suspenso pelas artes da inquisição
Nas alças da ausência de palavras afáveis
Nos braços da poesia meã, como bêbado
No colo das meretrizes flutuantes que nada
Concluem senão o mal gosto do desgosto e
Que silenciam meu canto engaiolando meu riso
Notei no seu rosto, a tristeza do adeus para sempre
Cada palavra bem pensada, pensando bem antes
Fossem abortadas, que viessem a vida, e nos trouxesse
A morte de um amor cintilante e cristalino.
Ela disse o desdizer, em cada coisa que se trouxe à tona
Disse agora perceber que toda verdade se fizera em erro
Todo abraço asfixia, e cada beijo o destilar do veneno
Que mortal e lentamente agora retira-lhes a vida, o amor
Cada trago me traz uma lembrança e em cada lembrança
Cada remoçada lembrança, um pouco menos de viver
Um pouco mais de morrer, enquanto me vai o riso e a alegria
Em cada trago, uma lágrima chorosa e aquele nó em dizer adeus.