Quimioterapia II

Uma vez por mês, em datas específicas, grandes doses

Aguardadas são as raras horas em que há a prescrição

Como no efeito inicial me deixa tonta, inebriada

A gente nunca sabe por quanto tempo vai durar

O nome não muda, surrado ou gritado durante

Involuntário é chamar, pois está tão interligado

Os efeitos colaterais tiram qualquer esperança, tudo ataca

Mas é por meio do tratamento que se volta a rir

Até em vômitos e mais medicações, há outros cuidados

Dura, mas tão gentil. Dolorosamente verdadeira

Ela vem desde o pescoço, pelo corpo inteiro percorrendo

Cada arrepio é profundo e me queima totalmente

A quimioterapia não é fácil, anos depois torna-se mais árdua

Mas não deixa de ser essencial e tão forte

A impressão de que tem medo de viver continua

Medo de sentir, em longas e ilógicas meditações

Cada trejeito da terapia é tão único, tão diferente

Será que ainda é o que era quando começou?

A admiração não findou durante o processo

Mesmo tendo décadas, ainda é complexa

Sinto que quanto mais estude nunca vou entender

Mas queria ter tido mais de uma versão do passado

Fui onde a quimioterapia vive, cada sessão mais diferente

As vezes não sei se o tratamento poderá continuar

No cinza daquele lugar, diversos momentos de cura

O remédio com força é lançado dentro de mim

Ela me mata enquanto me faz viver

Tamyrys Hadassa
Enviado por Tamyrys Hadassa em 11/12/2022
Código do texto: T7669761
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