Quimioterapia II
Uma vez por mês, em datas específicas, grandes doses
Aguardadas são as raras horas em que há a prescrição
Como no efeito inicial me deixa tonta, inebriada
A gente nunca sabe por quanto tempo vai durar
O nome não muda, surrado ou gritado durante
Involuntário é chamar, pois está tão interligado
Os efeitos colaterais tiram qualquer esperança, tudo ataca
Mas é por meio do tratamento que se volta a rir
Até em vômitos e mais medicações, há outros cuidados
Dura, mas tão gentil. Dolorosamente verdadeira
Ela vem desde o pescoço, pelo corpo inteiro percorrendo
Cada arrepio é profundo e me queima totalmente
A quimioterapia não é fácil, anos depois torna-se mais árdua
Mas não deixa de ser essencial e tão forte
A impressão de que tem medo de viver continua
Medo de sentir, em longas e ilógicas meditações
Cada trejeito da terapia é tão único, tão diferente
Será que ainda é o que era quando começou?
A admiração não findou durante o processo
Mesmo tendo décadas, ainda é complexa
Sinto que quanto mais estude nunca vou entender
Mas queria ter tido mais de uma versão do passado
Fui onde a quimioterapia vive, cada sessão mais diferente
As vezes não sei se o tratamento poderá continuar
No cinza daquele lugar, diversos momentos de cura
O remédio com força é lançado dentro de mim
Ela me mata enquanto me faz viver