No silêncio, a dor passa desnuda.
Sem roupas, sem sapatos. Mas, não é imperceptível.
No silêncio das palavras,

a semântica se suicida diante do abismo do tempo.

Infalível.

 

A dor alheia reverbera nas coisas.
As lágrimas migram

e, se transformam em orvalhos matutinos.
As rosas que secaram,

homenagearam uma primavera vencida.

Escrutínios.

 

O vento passa em silêncio, mas assobia.

A melodia de folhas e do esquecimento.
Chora-se copiosamente ao cair da tarde.
E, cada raio poente, se despede em sangue,
alaranjando o horizonte.

E, tudo arde.

 

Silêncio. A palavra volta para o ventre da alma.
A fonética volta para a garganta.
E, nas cordas vocais, se enforca...
por saber que ao dizer, tudo acabou.

A culpa é da vodka.

 

Não há página.
Não há reticências
Nem esperança.
Apenas o silêncio.

 

No fim, tudo é silêncio.
Talvez isso decifre a esfinge.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 21/12/2022
Reeditado em 14/01/2023
Código do texto: T7677057
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