A ordem das coisas
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Não podemos mudar as ordem das coisas,
a realidade e os fatores são evidentes
querer burlar o destino,
não é somente covardia e sim uma tentativa vã
para se reverter os fatos.
Existem evidências que o tempo não descarta
e a idade registra e protocola tudo,
ainda que nossas vontades, sejam de apagar
todas pegadas por onde passamos
onde vivemos nossas tristezas e infelicidades;
como lutar com essas rugas que formam
e vincam a nossa existência é uma teoria,
que dificilmente conseguimos levar à pratica.
Dizem que todas águas dos rios
correm para os mares e mesmo assim,
eles não transbordam, mas a saudade
se transformou em uma vertente cristalina
que se inclina e deságua
quando meus olhos se apertam para chorar
e desabo minha cabeça nesses que tem sido,
os meus maiores prantos, porque sei o que quero
mas sei o que não posso ter...
um dos grandes vilãos dessa minha odisséia
é o tempo vertiginoso, que me derrota,
a cada round, quando me vejo estendida
no tablado sem ter aprendido usar minhas defesas
Um amor mal resolvido, uma melodia preferida,
deixou de ser entoada e ainda que eu
precise falar das minhas verdades,
o coração não se resigna e nem esmorece,
vibra com uma pequena centelha de esperança,
tanto que anseia migrar para o outro lado,
deixar-se invadir por inteiro pelo vento
que espalhará a essência mágica,
que fará valer cada segundo dessa utopia,
mudar a ordem das coisas, até do tempo,
que vem sempre veloz querendo jogar
com o meu equilíbrio, mostrando as cartas que tem
porque sabe que matará minha fascinação.