Águas vermelhas

as águas vermelhas vieram sem ter cor

com apelos de agrado e varridas pela dor

como se escorressem por paredes suadas

desgastadas pela ausência de um fervor

há muito transpiradas no suor e no desamor

como se a verdade nunca pudesse chegar

carregada de sentimentos frios e instáveis

apenas náufraga da consciência que grita

num arfar a mil vozes ligadas ao eterno

no clamor de um povo que sofre e se agita

e lambe o próprio chão coberto por migalhas

homens que sentem fervor numa vela acesa

prostrados sem ver cor e sem ter o amor

em águas que carregam rios de incerteza

raios de uma triste alvorada sem esperança

lança que avança leve no peito sem presente

lapso do futuro que tarda em ser semente

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 07/01/2023
Código do texto: T7688865
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