Circular Cintura 

 

Circular aquela cintura.

Calcular aquela abertura

Da calça pra poder caber

Na circunferência a ver.

 

Deslizo a lástima com o sentir

Pelo meu caminho pessoal a partir

De uma viagem de descoberta

De uma validação bem interna.

 

A mágoa é como uma viajante possível,

Mesmo com a responsabilidade visível

Que me convida a salutar os horizontes

Para me amar e me desejar como antes.

 

O que aconteceu que tanto meu físico mudei?

O que tanto prevaleceu àquilo que ansiei?

Receios e anseios podem fazer as pazes,

Se em conflito os vejo em nome dos rapazes?

 

É angustiante não poder eu ver

Meu corpo como meu corpo

Porque é preciso reconhecer

Sem envaidecer como um corpo gordo.

 

Mesmo sendo ou nao, não é meu total.

Entristecendo ou não, sei que é real

Porque se nesse lugar posso ser eu mesma,

É possível dizer querer ser amada em inteireza.

 

Pessoalmente, incondicionalmente,

Parece até há alguns papo furado,

Que seja preciso me aceitar plenamente

Para, quem sabe, mudar algo almejado.

 

Não por uma cobrança de ser aos outros

Ou por não ser nada até que mude,

Sei que há um amor sem estrondos

Como uma viajante que cultive saúde.

 

Numa dança circular, ciclo sem fim,

Quero me ver na sondagem de mim

Como uma pessoa repleta de verdade

Ao querer cobrir-me com calorosidade.

 

A viagem parece que não acaba aí

Por como processo se definir aqui

Ao ser tão pessoal que transcende

O que não é e é, mas não se rende.

 

Interação do Poeta Olavo:

O espelho é o nosso rosto

No momento da nossa imagem

O tempo passa com riso e desgosto

Sem se comprar uma passagem

Beatriz Nahas
Enviado por Beatriz Nahas em 27/03/2023
Reeditado em 16/06/2023
Código do texto: T7750253
Classificação de conteúdo: seguro