Ausência de vitalidade

Nenhum céu tem cor

Nenhuma almofada é macia

Nenhum doce tem sabor

Nenhuma música anestesia

Desconfortável em todos os cômodos

Nessa casa de ar rarefeito

Dormir e respirar se tornam sinônimos

Minha mente é casa num inferno estreito

Vivendo a eternidade do segundo

Assistindo a névoa que não sai do lugar

Sim, o tormento de cada minuto

Essa coisa disforme e cinza que é estar

De entorpecentes está limpa

Vazia de substâncias tóxicas

Mas o orgulho não anima

Intoxicada pelas histórias

Minha psique é como brigadeiro

Se paro de mexer queimo

E envelheço a cada janeiro

Se não quero morrer, teimo.