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As mãos que seguram as pedras

amassam e destroem as flores

Ao apertar as minhas mãos

Está pisoteando as borboletas

Enquanto acaricia a minha face

Prendes mil passarinhos na gaiola

De que é a voz que canta amorosamente?

Não será a mesma que amedronta-nos?

Como podes ser a alegria de desconhecidos

Quando deixaste-me com a senhora solidão?

Na segunda-feira a tua voz é suavidade

Mas amanhã, será a faca afiada

Rasgando e dilatando-me

Cortando em pequenos pedaços

Lentamente e friamente

Cada laço pendente do meu viver

Seus olhos foram brilhantes

E, agora estão cotidianamente nublados

Estagnado contemplando o obscuro

Analisando cada fragmento de ausência

Teu coração é um quebra cabeça

Que estou tentando montar

Mas cada peça é um bloco de gelo

E, ao segurá-los

Queimam-me as finas mãos

Um dia ficarás imóvel

Com a tua própria rigidez

Vais querer fugir

E não poderás.

Lorena Borba
Enviado por Lorena Borba em 03/04/2023
Reeditado em 04/04/2023
Código do texto: T7755619
Classificação de conteúdo: seguro
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