peso morto

em busca do caroço de pêssego

no mundinho das fantasias desfeitas

sonhos chafurdam no lamaçal

sem acolhimento

poesia que não segue o fluxo não lucra

eu ainda sou muito jovem

só não sou digna de ser “uma delas”

para os decrépitos carrascos saudosos

minha poesia é heresia

tais páginas não valem um centavo

um minuto da sua atenção

critérios obscuros decretam a invisibilidade

quem autorizou esses julgamentos

negou-me o direito de resposta

sem proveito a ser tirado

contato desnecessário

eu não faço publi de nenhuma marca

meu nome não é bonito nem forte

não ostento nos stories

nem promovo cursos milagrosos

minhas palavras valem menos que esterco

peso morto

numa lista extensa

insanidade seria acreditar que alguém olha por mim

desacreditada

sou mais inútil que um gol anulado

finjo que escrevo alguma coisa

porque tenho uma longa tabela a cumprir

dia após dia

dia após dia

até não passar de um sopro distante.

- peso morto.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 07/04/2023
Código do texto: T7757896
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