The end, Man
The end, man
Esgotado, extenuado e minguado
não pelo revés do destino escrito
mas pelo revés da cidade grande,
tenta escrever mas não consegue.
Contagiado pelo vírus urbano
assistiu a procissão no verão
que carregava o outono morto,
doente que ficou no inverno.
Viu a primavera sem flores,
e o ninho esquecido do sabiá.
O temido gavião espreitava
o vazio da planície sem vida.
Viu a formiga que anda em pé
seguir na obsessão depravada
de construir destruindo o meio,
a cega e tola vaidade humana.
Sentado na raiz da velha árvore
que agoniza na morte anunciada,
rabisca o verso que reflete o dia
no espelho da vida transformada.
Acende o cigarro companheiro e
respira o ar viciado pelo metano.
Solidário com a natureza morta
relembra o menino na fazenda.
Escreve o último verso e pede
a amiga árvore, que não morra
antes dele.
Anderson Aguilar
20/08/06