Em cada janela um olhar

O balanço nina o cansado homem

Que busca o descanso e afeto que lhe foi arrancado durante o dia

A angústia recorrente, alimentada pelo sistema

Que vez de novo, o faz velejar a tempestade que são as suas emoções de impotência

Seu olhar pesado perpassa o clima vil das ruas

Tomadas, por multidões de outros corpos maltratados.

Atormentados, sem rumo, ainda que correndo atrás, de seus próprios futuros

São carregados por um rio de metais

Por um outro ser, que toma pra si um destino final

O mesmo de todos os outros ao seu lado

O próprio caronte. Sem consciência, apenas propósito

Mal sabem os passageiros, que quem os guia

É apenas mais uma alma, frequentemente chicoteada

Pelo peso da responsabilidade e das correntes que o prendem