Eu, me apagando
Tentei encontrar em mim ainda vestígios
Do meu passado, desejos, vontades
Imagens e meros retalhos
Sobreviveram ao que o tempo consumiu
Como se eu nem mesmo entendesse o que é viver
Por não encontrar a conexão com o sofrer
E a vitória, somente a queda e envelhecer
Novamente perdido em meus sentimentos
Sem acreditar que eu consiga me conectar
Houve momentos onde eu sorri
Eu sei que você sabe bem, pois estava aqui
Parcelas de nossos mundos se conectando
Sentimentos e expectativas se elevando
Embora eu ignore que ir em sua direção
Fuja da minha capacidade de acreditar
De sentir o seu coração, hoje nem mesmo acredito
Que há ainda um meio de te alcançar
Devo enterrar no limbo as boas lembranças
Entre mim e você em conjunto a tantas outras
Não faz sentido guardar lembranças de paixão
E arrependimento
O tempo não cura
Ele só consome as memórias
Ao destituí-las de fortes emoções
Já não sinto que seja válido
Promessas mantidas ao vento
Não seriamos mais nós mesmos
Se tudo recomeçar
Principalmente com eu me oferecendo
Como pedaços de indiferença a mim mesmo
Eu tento não sentir que o mundo aceitou minha mente
Mas marginalizou minha alma por ser um corpo estranho
Invadindo a realidade sem saber das regras
Não deixando amadurecer e nascer boas verdades
Desde que me provaram que minha exaltação é uma mentira
Eu não sei mais sequer se sou
Merecedor de amizade, amor, carinho
O coração implora companhia, mas exijo ficar sozinho
Não existe mito maior do que minha própria imagem no espelho
Me pergunte como eu vivo, me diga se eu tenho alternativa
A não ser renunciar do que havia antes da calamidade
O ferimento no peito inflama e sangra
E como animal não civilizado me defendo
Me anestesie ou não conseguirá se aproximar de mim