As pedras da Baía de Guanabara(...)
"Houlá! Houlá" -- gritam-se os marinheiros.
" - Alcides, três arroubas!"
" - Corvinas ou robalos?"
" - Salmões, de fibra boa!"
" - Deus benza este espinhaço!".
Parei pra ouvir a trégua dos marujos.
Doeu-me feito pedra no sapato
Porque riam-se tanto -- e não por muito; Queria eu só o alívio do mormaço.
" - Temos, temos!"
" - Valha, Santa!"
" - Volve a isca,
Vão na proa!"
Que louca! Fui meter-me nas trincheiras
De atravessar o arpoador à noite,
Troteando esta cidade estrangeira,
Sem barco-caravela e sem afoite!
Tem dó! Vem, leva-me de Icaraí,
A pedra ainda crava a minha carne.
Chega de marinhar estas montanhas
Em carne viva do pé a minha sola!
"- Senhora, que te espanta nessas águas?"
-- O gasto navegante se aproxima --.
Respondo: - Com que queixa que me indagas?
"- Parece que tens raiva da baía..."
- Da baía encanta-me o prateado
Que o reflexo da lua pinta o mar.
Também, até a farofa do robalo.
Outra querência é que faz-me arfar.
Cuspi no chão do cínico diabo!
Tinha, sim, da baía, certa mágoa,
Mas empurrei pra a areia, junto d'água,
A pedra que cingia meu sapato.
Adeus, adeus, arranha-céu de lôdo!
Vou a bordo ao primeiro barco imundo.
Jamais persiga da minha alma o bojo, Mareie tu só, o oceano fecundo!