A LAMPARINA

 

Aqui de cima, de meu barracão,

vejo uma tênue luz ao longe,

parece piscando na escuridão,

nas mãos trêmulas de um monge.

 

Quase coberta pela neblina,

está fugindo da minha visão.

Será a luz de uma lamparina,

ou será lenhas de um fogão?

 

Tênue luz,só voce e as estrelas,

estão enfeitando esse sertão,

saiba que e muito bom te-las,

por companheiras, na solidão.

 

Quando está piscando assim,

como as batidas de meu coração,

será que está pedindo para mim,

aumentar o som do violão?

 

Aos poucos vai se apagando,

como se dissipasse na serração,

aqui de longe estou fitando,

como de olhasse uma ilusão.

 

Daqui a pouco estará apagada,

vai desaparecer o seu clarão,

quando se aproximar a madrugada,

ficará apenas na imaginação.

 

E como no mar uma vaga,

fico admirando esse lampião,

mesmo depois que se apaga,

fico olhando, sentado no chão.

 

Fim da noite, vem a claridade,

me ponho a procurar em vão,

até parece que sinto saudade,

dessa tênue luz, de algum grotão.

 

 

 

 

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 12/10/2023
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