Infância no fogo cruzado

Sob destroços sombrios, tão profundos,

Minh'alma procura, em meio à escuridão,

A luz que foi apagada em vários mundos,

Em busca de esperança na devassidão.

Rostos desconhecidos, unidos em desatino,

Nas cinzas do conflito, na dor que invade,

Nossos corações buscando abrigo divino,

Na paz da tragédia, encontro a saudade.

Sob o concreto, meu pequeno corpo sem vida,

Na vã esperança do encontro se decompõe,

Sem pátria, raça, religião, sem despedida,

Nas cinzas, o conflito, a dor a todos impõe.

O seio materno tornou-se agora um estéril rio,

Os braços do pai, sem força e sem encargo,

Nas lembranças e sonhos, sinto um forte arrepio,

Há pouco nascido e um destino tão amargo.