À mercê

O efeito retarda;

Conduz o processo;

Permeia o caminho;

Não anda sozinho,

Na vida frustrada.

Sisudo e discreto,

Se afasta do ninho;

Com muito carinho,

Vislumbra a chegada.

Assim traça rumo,

Na aurora da vida;

Tem pedra e ferida;

E muito dissabor.

O custo redobra;

Tem peleja e suor;

Meu Deus é maior;

Ele cuida e preserva,

Está sempre ao redor.

As coisas insanas,

Nos põe afastados;

E mesmo os recados...

Não se dar atenção.

Um mundo vazio,

Traz muito arrepio,

E o tolo vivente,

Não vê nem pressente,

O soar do Trovão.

Batalhas e glórias;

Frescores e arrimos;

Das flores os mimos,

Se faz degustar.

Os próprios herdeiros:

Andarilhos das lidas;

Desejosos de amores;

Sem reza ou louvores;

Sem voz pra gritar.

De mente ocupada;

No peito um vazio;

Descrente arredio;

Propenso a ceder.

Acredita em milagre;

À margem do mundo;

Marias e Raimundos;

Sem nome sem fama;

No fundo à mercê.

É expulso do meio;

Sem casa ou comida;

E ferido na alma;

Entregue ao acaso;

Sem chão sem pudor.

Meu Deus! tanta injúria;

Somos todos irmãos;

Estende tuas mãos:

Traz paz traz amor.

Ailton Clarindo
Enviado por Ailton Clarindo em 26/10/2023
Código do texto: T7917046
Classificação de conteúdo: seguro