A autoausência é um fenômeno que ocorre quando perdemos a conexão com nós mesmos. Nesse estado, deixamos de sentir a presença e a vitalidade que há dentro de nós, e passamos a agir de forma mecânica, sem vida e sem sentido.
Na filosofia fenomenológica, compreendemos que a essência das coisas não pode ser encontrada em uma análise superficial dos aspectos exteriores, mas sim na vivência e experiência subjetiva que temos delas. Assim, quando estamos autoausentes, perdemos a possibilidade de vivenciar a nós mesmos de uma maneira autêntica e verdadeira.
I.
Os dias são supérfluos, imutáveis e excessivamente longos. O tempo distorce, tornando-se excessivamente torturante cada milésimo de segundo.
A mulher, está trancada dentro do cubículo. É indiferente se faz dia, tarde ou noite. Ou quando faz frio ou calor. O tempo é vago, intensamente paralisante, ofusca a capacidade de enxergar, distinguir e compreender todo o fluir da realidade.
O cubículo é lócus de acomodação, falsa sensação de segurança, ilusão de conforto e refúgio. Cada coluna do cubículo é revestida de forte e impenetrável vidro contra qualquer tipo de ruídos externos.
A mulher não escuta mais nada do mundo e emudecida, silenciou a sua própria voz dentro de um copo. Seu corpo, fundiu-se com o vidro, afundou em sua sombra, materializando em sua própria invisibilidade que a consome como fogo.