Enfim, o ocaso do corpo

Na tristeza do meu peito a tanto suspirar

No pranto que escorre, qual chuva fina,

A sombra de um carvalho a se inclinar,

A uma forca triste, minha alma se destina.

Oh, saudade que corta como afiada lâmina,

Entre lembranças que não querem findar...

No peito, o eco de um amor que declina,

Nas manhãs nubladas da vida, a desbotar.

Na tarde pálida, até o Sol dos montes se despede,

Como o amor que, tímido, nos acena e logo se perde

Em sombras lentas que devoram a humana alegria.

Então, me automutilo para sentir que, talvez, eu ainda existo;

Choram as próprias lágrimas neste mundo onde muito sinto;

E o ocaso do meu corpo enforcado no carvalho é a sacra abadia.

[Cria-se, do fundo do sepulcro, o altar da culpa, do engodo e da hipocrisia.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 09/01/2024
Reeditado em 09/01/2024
Código do texto: T7972726
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