O Lugar das Omissões

Eu não sei onde estávamos em 1941.

Mas ouvi a história das guerras e mortes, ao nascer...

Conheço a dor da perda, da fome e das prisões.

Conheço a luz e as sombras em memória,

seja noite ou seja dia...

Meu sangue escorre das lápides

dos corpos gaseificados, fuzilados

ou transformados em fumaça e pó...

Talvez, também, dos que ligaram o botão,

dos que apertaram o gatilho,

daquelas que impuseram a morte,

a dor, o sofrimento, o horror.

Como saber?

Não sei, não sei...

Mas ,sei dos milhões de mortos.

Todos sabemos, todos...

Nunca haverá quem possa

dizer que não sabe...

que jamais ouviu...

E, nunca haverá quem possa

mensurar a dor e o sofrimento

dos que o viveram...

Nem a compaixão é possível...

Nem o horror...

Nada fará uma vida voltar.

Nem a dor, o impacto, o trauma,

dos que ficaram, amainar...

Não há como se colocar no lugar...

Nem de quem foi morto,

nem de quem sobreviveu...

Talvez estejamos no lugar das omissões.

Tantos se omitiram no passado.

Tantos se omitem hoje.

Fingem não ver...

O genocídio continua.

E continuamos a matar e a morrer...