Lágrima Insólita

Chora pálida

lágrima insólita...

Viaja a face

rubra,

inchada,

consumida pela

D

o

r,

Jazem marcas

de outrora

n'alma

sofrida,

paridas

de palavras,

embora

malditas...

vorazes...

deixaram cravado o

A

m

o

r,

Viaja o corpo

lágrima insólita...

Chora ainda pálida,

ardente em febre,

a vagar os seios

que dantes

sentiam

o prazer,

o toque sublime...

Hoje, adormecem.

Umedeça os picos

que em tempos

saciou a boca amada,

a língua molhada,

lasciva,

envolvida de puro

P

r

a

z

e

r,

Lágrima insólita,

viaja o corpo e...

Chora pálida

dos seios ao ventre

que um dia percorrido

na ponta da língua...

no dedilhar

de uma sinfonia...

no sussurrar da poesia,

fez-se palco

de deliciosas

fantasias.

Escorrega

entre as encostas

que dentre elas

gemidos ecoaram...

suores exalaram...

lânguidos orgásmos

sentidos...e agora...

C

h

o

r

a,

Chora lágrima pálida...

quase resequida.

Viaja o corpo esquecido,

já fenecido...

e chora insólita

o amargo sabor

de um sonho perdido.

Anna Müller
Enviado por Anna Müller em 03/12/2005
Código do texto: T80457