Triste Poesia

sabiam os caminhos

se perderam módicos e pequenos

sabiam as viagens

regressaram em noites monótonas

tantas foram as chances!

tantos os pecados!

neófitos

nefastos

impuros

nostálgicos

inválidos os índios...

e a ira abateu-se sobre os caminhos

os caminhos sobre os atalhos

os atalhos sobre as marés

cujas enchentes

as ciladas

são macabras sem cabras

e abras brasil a zil...

país de um universo bonito e único

apesar de munificente reduto aos índios de luto

aos povos com ovos de páscoa pela paz

apesar da pá escavando o vazio da terra

e a terra o vazio da pá pacífica

e a lua

a maré

que subiu

deu ré

reabriu e abriu com brio o azul

pelas viagens acidentais

ocidentais

orientais

como tais pessoas

soas o sino e ensino a descoberta...

está aberta a janela de uma favela no morro

e peço socorro e corro dali

grito daqui

pois regressaram em noites monótonas

tantas foram as chances!

tantos lances de dados!

alados

partidos

e nenhum que ficou só...

e eficientes as viagens

(lavagens cerebrais)

torturas que aturas e que duras a vida inteira

enganos que por debaixo dos panos da ditadura

se escondem as carapaças

violências e conflitos

escândalos e seus vândalos escapam ilesos

e a poesia canta o brasil de que gostei

e apostei infinito no finito que é bonito...

os atalhos mesmo falhos e raros e caros

se perderam na arca e na barca guerreira

que subiram com a maré e o sol

e a lua despida e virgem

o azul

e a fogueira acesa que incendeia os pecados

os índios que purificam a noite e morrem...

sabiam os caminhos

e se perderam novamente

até nunca mais:

aqui jaz um poeta triste

Carlinhos Pink
Enviado por Carlinhos Pink em 04/12/2005
Código do texto: T80787